You Found Me (third chapter)

Author: Vicky D. / Etiquetas:


Capitulo 3 - Conversa

Capítulo anterior: Quando Nala chega ao aeroporto de Miami, a surpresa que lhe espera é Jared, o seu ex-melhor amigo e a sua ex-paixão, voltar a vê-lo traz-lhe recordações de tempos passados. Aí confronta-o com a questão que sempre lhe esteve entalada.

- Ou respondes agora ou vou-me embora! Estás a desperdiçar o meu tempo! – que má. Vi passar pelo seu olhar a tristeza que ele transmitiu antes.

- Bem… é que… - ele começou.

- Sim? Mais rápido please!

- Eu… Eu senti a tua falta! – fiquei boquiaberta.

- A sério? Jared, por favor poupa-me! Nunca foste de sentir nada! Nem de te dares ao trabalho de sentir! – já que comecei, acabo – Eu não sou, nem fui importante para ti. Não passei de mais uma miúda a quem davas conversa. Pelo menos para o final, porque gosto de acreditar que no inicio antes de te mudares não era assim – ele abriu e fechou a boca, por um momento parecia o Jackson Rathbone no filme Twilight, o sofredor – Ou será que também era? – questionei-o, olhou-me surpreso e calei-me à espera que disse algo.

- Não, não era… - respondeu e calou-se. Passados 2 minutos nada.

- Olha o tempo que estou aqui à espera que fales, podia estar a matar saudades da minha família. Se te queres justificar sabes onde moro, isto não é conversa para entreter turistas. – olhei para o grupinho de pessoas que se estava a formar, devo ter falado alto demais – se não quiseres, não te incomodes a ir lá! Já saíste da minha vida há muito tempo – olhei para ele uma última vez antes de lhe virar costas e segui, não querendo saber da sua expressão.

- Hoje não vão fotografar nenhum final romântico! Dispersar!!! Bando de abéculas… – vi o Roger com as minhas malas na mão, a andar à frente da Kiki e a gritar com a multidão. Tive de me rir.

- Leoa estás bem? – a minha irmã veio para o meu lado.

- Sim, estou kiki. Estou mais leve! Agora vamos. – e seguimos para fora daquele lugar onde deixei partes do meu coração, de repente lembrei-me – Kiki com isto até me esqueci… O Andrew? – Andrew era a mais nova aquisição da família Dempsey, agora com 4 meses. Ainda não o tinha visto pessoalmente, só por fotos, era um bebé tão lindo. Mais uma mistura perfeita dos coelhos Kiki e Roger.

- Ele ficou com a ama. Quando chegarmos vais conhecê-lo.

- Sim e depois ainda temos de ter uma conversinha. – disse, lembrando-me da personagem, lágrimas vieram-me aos olhos. Não miúda! Se vais chorar, faz isso quando estiveres na cama! Sê forte!

- Eu sei. – respondeu Kiki, chegamos ao estacionamento e entramos para o novo monovolume.

- Novo?? – estava espantada, aquele era muito melhor do velho, e muito maior…

- Teve que ser a família está a crescer. – respondeu-me Roger – e como o negócio está a ir bem, não custou muito.

- Vocês tão a pensar em fazê-la crescer mais? Ou a parar por aqui? Porque se não tenho de ir investigar se foram experiências de algum laboratório que esteja a tentar que a espécie humana não se extinga. – ri-me com a parvoíce que disse, e eles juntaram-se.

- Ainda não pensamos se havemos de parar ou não. Não é mor?

- Sim. Agora entra, daqui pouco tenho a Keisha a telefonar-me a gritar que o Andrew lhe vomitou em cima ou rasgou-lhe a camisola. – não entendi o que a Kiki disse, e lancei um olhar de interrogação a Roger.

- Nova ama – sussurrou-me. Entrei no carro, e sentei-me nos bancos de trás junto com Jasmin e Fred, Dawn e os gémeos no meio, Kiki foi para o lado do pendura e o Roger fez de motorista.

Chegámos a casa era hora de almoço, sinceramente estava a morrer de fome. Comida de avião não é grande coisa, só abre um maior buraco no estômago. Quando entrei novamente naquela casa, senti-me outra vez uma adolescente. Percorri a entrada com o olhar, não vi grandes diferenças, só vasos e quadros. Quando entrei na sala, sorri feliz. Tinha um grande cartaz pendurado ao pé da janela a dizer “Bem-vinda Leoa” e com fotos dos elementos todos da família à volta da frase… Não resisti e desatei a chorar. Muitas destas lágrimas eram da surpresa que eles me fizeram, mas as restantes eram causadas pelo ferimento no meu peito. Larguei as malas e todos vieram abraçar-me.

- Como senti a vossa falta! – choraminguei.

- Nós também leozinha. – soltamo-nos quando alguém pigarreou. Olhei e vi que era uma jovem rapariga nos seus 20 anos, e segurava um pequeno ser humano.

- Este deve ser o pequeno Andrew! – dirigi-me a eles. – Olá, sou a Nala! Irmã da Christina.

- Keisha! – apresentou-se a rapariga – e este é o Andrew, como disseste. – ela parecia simpática, acho que nos daremos bem.

- Posso pegar-lhe?

- Claro!

Agarrei o pequeno ao colo, sempre peguei nos meus sobrinhos, mas fazia tanto tempo que não agarrava numa criança, que estava com medo de o aleijar.

- Leoa, não tenhas medo. Não o vais deixar cair, isso não se esquece. – Roger sempre animador.

Depois de brincar um bocado com Andrew e matar saudades do resto da criançada, fui arrumar as malas. O meu quarto estava igual, posters dos Rolling Stones, Muse, Mettalica, Titanic, Pocahontas, Brad Pitt, e mais uns quantos, pendurados pelas paredes, colcha e almofada do Mickey, secretária junto à janela, nada mudou de lugar. Abri as malas e virei-as para cima da cama, dividi a roupa para lavar da lavada, arrumei os livros que tinha levado e os que arranjei por lá, mais os DVDs nas estantes, pendurei a mala de mão na porta, e fui a casa de banho deixar os meus produtos de higiene. A casa era grande. Tinha 5 quartos, 3 casa de banhos, sendo uma no quarto do casalinho, a sala era grande, tal como a cozinha, um escritório e por fim a garagem. Ah, e claro a piscina, casa em Miami sem piscina não é casa.

Acabando a arrumação, dirigi-me à cozinha para comer. Só lá estava a Kiki.

- O resto do pessoal?

- O Roger foi tratar de uns assuntos à empresa, mandei a Keisha para casa, a Jasmin e o Fred foram a casa de uns amigos, o andrew está a dormir e o resto está no jardim a brincar.

- Hmm – foi só o que respondi. Mas depois lembrei-me do assunto pendente – Temos algo para esclarecer. Porque raio é que disseste ao Jared que eu chegava hoje e o deixaste ir ao aeroporto?

- Bem, acho que tive pena dele. Eu não te vou contar o que aconteceu, sem antes ele falar contigo. Para entenderes é melhor ouvires a versão dele, depois digo-te o porquê de eu e o Roger o termos levado connosco.

- Eu não sei… Acho que a próxima vez que o vir, a vontade que terei é de lhe dar porrada.

- Sim, talvez, eu admirei-me de não teres feito isso no aeroporto.

- Foi necessário bastante controlo, cheguei a imaginar os seguranças a carregarem-me por não parar de o agredir. – ela riu-se.

- Ouve o rapaz, Nala. Ele vai vir cá e vai-te explicar.

- Não sei se virá. Ele não parece ter mudado e para resolver situações destas foi sempre um cobarde. Tu viste como ele se retraiu, ia para falar e não falou, acobardou-se. E mesmo que venha, não sei se o perdoarei. Eu sofri, e ainda sofro Kiki.

- Pois, não sei… Se ele vier, faz o que for melhor para ti Leoa. Só te quero ver feliz. Quero que sejas a minha forte e corajosa leoa, como sempre foste e como sempre sei que serás.

- Estás a ficar lamechas Kiki! O Roger anda a deixar-te mole… Tenho de lhe dizer para mudar a forma como te dá uso – deu-me um carolo na cabeça. – Au!!

- Estou a ver que essa mente tarada não mudou!

- Mudou sis, mudou para pior!! – ri-me e ela juntou-se. Passamos uns 15 minutos na gargalhada, sem precisar de dizer mais nenhuma parvoíce, era como quando éramos crianças, bastava olhar uma para a outra e começávamos a rir.

Ela abraçou-me quando o riso começou a passar e ficamos assim as duas. Éramos o apoio uma da outra, o quer que nos acontecesse, sabíamos que nos tínhamos uma à outra no final. Sempre.

- Bem Kiki, estou cansada. Vou dormir uma soneca.

- Vai. Descansa. Que bem precisas. – beijou-me a testa e largou-me. – Até logo Leoa.

- Até logo Kiki – dirigi-me ao meu quarto e deitei-me sem mudar sequer de roupa. Voltar a sentir a maciez e o cheiro da minha cama, foi o que bastou para a escuridão atingir rapidamente a minha mente.

Dei por mim num sítio desconhecido, a trás tinha uma floresta com grandes árvores e à frente, um pouco, longe tinha o mar. Parecia o paraíso, uma ilha deserta. Fechei para inspirar o ar. Mas quando inspirei só senti fumo. Olhei novamente à minha volta e só vi fumo, fogo. Passado um bocado consegui começar a distinguir vultos. Começo a ver destroços, parecem destroços de avião, ouço pessoas a gritar. Ao fundo, distingo um vulto deitado no chão que me é familiar, tento aproximar para ver se está morto, mas parece que cada vez está mais longe. À medida, que a distingui bem a silhueta do vulto, o meu coração começou a acelerar. Mas… aquela sou eu.

Acordei com um grito. Foi só um sonho. Só um sonho. Mas que estúpido sonho para se ter, oh totó! Obrigada pela simpatia consciência. Desci da cama e dirigi-me à casa de banho para lavar o rosto. Já tive muitos sonhos estranhos na minha vida, mas sem dúvida que este foi o mais esquisito e estranho de todos.

Olhei para as horas e já passavam das 8 da noite. Dormiste bem rapariga. Decidi ir comer qualquer coisa. Ao descer as escadas começo a reparar que a casa estava muito silenciosa.

- Kiki? Roger? – ninguém respondeu – Mas onde é que terão ido todos?

Fui até à cozinha e no frigorífico estava um post-it.

Leoa, fomos jantar fora. Estavas tão pacífica a dormir que não te quis acordar. Se quiseres comer à restos no frigorifico. Se precisares de alguma coisa é só telefonares. Bjinhos Kiki

- Bem, vou passar a noite sozinha.

Quando vou a abrir o frigorifico, a campainha toca.

- Quem é que será agora? – fui andando para a porta, a resmungar com os meus botões.

Tão depressa como a abri, fechei. Calma Nala. Lembra-te do que a tua irmã disse. Ouve-o. Inspirei fundo e voltei a abrir a porta. Mas o que fiz a seguir soube-me lindamente. Trass. Chapada bem dada na cara. Aposto que ficou marca. E fiquei ainda mais leve.

- Devia ter feito isso no aeroporto, mas estávamos em público. – dei espaço para ele entrar e fechei a porta.

- Bem, acho que merecia isto.

- Achas? Eu cá tinha a certeza… Vieste aqui para falar, não foi? Estou a ouvir.

- Sim, vim. – seguiu para sala. – Eu queria… Eu vim cá pedir-te desculpas. Por não ter ido, por não ser o melhor amigo que devia ter sido, por te fazer pensar que apenas eras mais uma miúda, o que não eras. Não só no início, mas como sempre. Eras a minha mana, a minha confidente, a minha maior amiga. Quando deixaste de me falar… Antes disso, quando deixaste de me tratar por mano e raramente tinhas tempo para conversar, eu comecei a sentir-me triste, vazio, não entendi porquê, então não liguei. Segui com a minha vida, como sempre fiz, só que com uma diferença, tu não estavas lá para me ajudar, para me dar apoio. Sempre que precisava de alguma coisa, tu estavas sempre disponível, eu acordava-te e não te importavas, em qualquer hora, mesmo ocupada com as aulas, o volei, o clube de campismo, na biblioteca, em qualquer lado. Eu precisava, tu davas. Paravas o que estavas a fazer para me explicar o que quer que fosse, lembro-me que punhas o altifalante quando estavas a arrumar, só porque se parasses a limpeza não continuavas e levavas da cabeça da tua irmã. – as lágrimas vieram-me aos olhos, ele lembrava-se das minhas ocupações, do que eu fazia – Tinhas sempre um sorriso, uma palavra de conforto, sem precisar de saber o que aconteceu.

- Sim. E depois? Era parvinha, não via nada há frente. Desculpa continua... – ele começou a andar pelo espaço e a ver fotos, da minha infância, adolescência, sozinha, acompanhada.

- Eras a rapariga mais alegre que conhecia, nunca estavas em baixo, ou pelo menos não deixavas transparecer isso, sempre pronta para o que fosse, correr, passear, tudo e mais alguma coisa. Lembro-me que levavas sempre a câmara atrás, adoravas filmar o que fazíamos, a natureza, as pessoas… Eras a alegria em pessoa, lutavas pelo que querias e conseguias. Só que eu fui estúpido. Fiquei tão chateado com a mudança, que não quis saber de nada, nem de ti. Deixei-me influenciar pelas pessoas que conheci lá e principalmente pela Anne, a fofinha. Comecei a experimentar cenas novas, bebidas, drogas. Nunca te contei, porque sabia que apanhavas uma grande desilusão e depois chateavas-me, e eu não estava para isso. Estava na minha, nada nem ninguém me impediam de fazer o quer que fosse. Drogava-me bastante, embebedava-me quase todas as noites e pensei que estava apaixonado pela Anne. Cheguei a dizer-te isso. Até te cheguei a dizer onde chegámos.

- Eu lembro-me perfeitamente disso. Não é todos os dias que uma rapariga decide declarar-se ao rapaz de que gosta e apanha um desgosto. – olhou-me com uma cara incógnita – Sim, eu ia para me declarar a ti no encontro a seguir a teres enviado a mensagem. Mas não o fiz. Para que o faria? Para me humilhar, e já estava humilhada o suficiente. Era eu que começava todas as nossas conversas, era eu que chorava todas as noites, era eu que enquanto te embebedavas suspirava por ti, por uma paixão não correspondida. Mas não me importei, tinha-te como amigo e isso bastava. Mas quando me fui embora e tu não apareceste para te despedires, entendi que nem isso eras. Foi por isso que comecei a ignorar-te, a não falar contigo, a arranjar desculpas. Queria seguir em frente, esquecer-te. Eu não te amava como um irmão, e nem como irmão devia ficar a amar-te. Porque a única coisa que recebi de ti foi sofrimento. – aproximou-se de mim e colocou um dedo nos meus lábios para me calar.

- Se há algo de que me arrependo bastante na minha vida, foi o que fiz no dia em que partiste. Eu queria ter ido ao aeroporto, queria-me despedir, não te ia ver durante um longo tempo e isso deixou-me de rastos. Ia ficar sem a minha mana. Mas sempre odiei despedidas. Então nessa noite embebedei-me, não me lembro muito bem do que aconteceu depois, sei que acordei em casa da Anne, ou melhor na cama dela. Estava com uma enorme dor de cabeça e não raciocinava devidamente. Ela deu-me um comprimido que devia diminuir a dor de cabeça. Mas o efeito não era esse. Aquilo era droga. Eu era um drogado e não resistia. Tomei mais uns quantos comprimidos daqueles, e mocados como estávamos acabamos a tarde juntos novamente. Disse-te que não ia aeroporto. E sei que isso te fez sofrer. E só entendi o que fiz quando no dia seguinte, no msn chamaste-me J e me despachaste. Aí eu comecei a sentir o vazio e a tristeza. E só quando deixaste de me falar e seguiste a tua vida é que entendi algo. E com isso passei dois anos na reabilitação, um a organizar a minha vida e outro à tua espera. Porque o que entendi é que precisava de ti. De ti ao meu lado, novamente na minha vida, não como uma irmã, não como melhor amiga, mas como isso tudo junto. Precisava de ti, porque amava-te. E ainda amo.

Ao dizer aquilo, colocou uma mão de cada lado do meu rosto.

Aproximou-se.

Beijou-me.


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