You Found Me (second chapter)

Author: Vicky D. / Etiquetas:


Capitulo 2 - Surpresa

Capitulo anterior: Nala regressa a Miami depois de ter estado 6 anos a estudar em Oxford. No aeroporto tem uma surpresa não muito agradável.

De repente, quando encontro a silhueta da Kiki deparo-me com uns olhos cor de chocolate derretido, que não eram os dela. A cicatriz abriu.

Fiquei paralisada no meio da multidão. Ver aqueles olhos, depois de tanto tempo, voltou a ferir-me o coração. Um coração que neste momento bombeava tão rápido que as minhas veias pareciam querer explodir. Enquanto a minha corrente sanguínea fervilhava, a minha mente carregava perguntas. Como é que ele soube? Porque é que ele veio? Porque é que ele me fez aquilo? Pergunta esta que se eu fosse mais forte e menos estúpida, já estava respondida à muito tempo e escusava de estar a passar por esta situação agora.

Flashback

Quando parti, passei a viagem de avião toda a chorar (estúpido mas pronto) que a hospedeira não parava de me perguntar se estava bem (coitada, sofreu um bocado). Cheguei ao aeroporto e fui tão bem recebida (aquilo era uma animação: cartazes, setas, até balões) que consegui esquecer o desastre em Miami. Só cheguei à residência depois de uma tour pela cidade. Fiquei num quarto com uma escocesa, grande maluca (que ela era e ainda é). Mas a diversão não chegou até à hora de dormir. No quarto, depois de ligar o portátil o buraco no meu coração aumentou, uma luzinha laranja piscava no ecrã.

Jared diz:

Hei mana!

Nala, a leoa diz:

Oi J!

Não sei porque respondi, o meu subconsciente apaixonado apoderou-se do meu corpo de certeza.

Jared diz:

Está tudo bem? Aconteceu alguma coisa na viagem?

Conhecia-me bem o suficiente para interpretar por um simples oi que eu não estava bem. Mesmo por um portátil tinha de ser tão transparente!!

Nala, a leoa diz:

Só estou cansada. Vou dormir! Fuso horário diferente! Depois falamos! Xau bj

Nem quis saber do que aconteceu ainda em Miami, nem nada. Desliguei o pc, e deitei-me. Só que por mais voltas que desse, não conseguia dormir. Dos meus olhos só escorriam lágrimas, chorei a noite toda, pensei a noite toda, e quanto mais pensava, mais recordava e mais lágrimas caiam. Como fui tão estúpida? Claro quando estamos apaixonados não vemos muito o que se passa a frente dos nossos olhos, muitas vezes só vemos o que queremos. E eu era à 2 anos apaixonada pelo meu melhor amigo, ou o rapaz que considerava ser meu melhor amigo. Mas se o fosse ele não faria o que fez. Que melhor amigo ou amiga não se despede pessoalmente do outro quando sabe que esse vai estar anos fora? Pelos vistos os supostos melhores amigos. Também o que é que eu queria? Eu sabia perfeitamente onde me estava a meter, ele era um puto, agora com 17, mas não deixa de ser puto, as companhias, fora eu, não eram as melhores. Quem acabava a sofrer era a rapariga, mas neste caso a rapariga secretamente apaixonada.

Fim do flashback

E foi o que aconteceu. Sofri. No primeiro ano que estive em Oxford, ele continuava a falar-me. Algumas vezes eu respondia, não falava muito, nunca mais usei a palavra “mano”. Algo que ele reparou, mas que nunca mencionou. Outras vezes não respondia, ou dizia que estava ocupada e assim. Isto era o que fazia sóbria, porque quando me embebedava. Meu deus! Eram telefonemas atrás de telefonemas, a sorte era que nessas alturas não sei porquê, nunca me declarei. O meu consciente estava sempre presente… ou então alguém… (esta história fica para depois). Estas misérias só duraram os dois primeiros anos, depois disso, raramente falávamos e mesmo cheia de álcool em cima, já não queria saber. Só aproveitar o momento.

Depois de estar parada dez minutos no meio do terminal. Envolvida nas recordações. Ouço uma voz de criança a chamar o meu nome.

-Titi Nala! Titi Nala! – desviei o olhar daquele chocolate ao qual ainda estava presa e reparei que era a pequena Anastacia que gritava, estava a puxar o casaco da mãe.

As saudades que tive dos meus sobrinhos. Pus o meu maior sorriso, não era muito forçado, mas estando presente a personagem que estava, a razão para sorrir diminuía. Comecei a andar na direcção deles. Quando todas as crianças me viram, desataram a correr para mim. Larguei as malas e abri os braços para eles.

- Tia! Titi! – diziam todos enquanto me abraçavam.

- Pequenos!! As saudades que tive vossas! – olhei para Jasmin – Jasmin! Esses 16 anos estão a fazer-te bem! Estás linda miúda! Quero ver a fila de rapazes que tens atrás de ti!!

- Obrigada tia! Tu também estás gira! E não tenho nenhuma fila… - ela corou. Hmm… ali passava-se algo, depois descubro.

- Obrigada querida! E depois temos de por a conversa em dia. – pisquei-lhe o olho e ela corou mais. – E quem temos aqui? Fred! Estás um rapagão, aposto que como a tua irmã tens carradas de miúdas atrás de ti… Johnny, Anastacia, os meus queridos gémeos, vocês têm mesmo a cara um do outro. – agarraram-se os dois as minhas pernas, no meio daquele grupinho, estava uma pequena cabecinha – E aqui quem temos? Dawn! Já andas! A ultima vez que te vi tinhas um aninho – agarrei-a ao colo, há três anos eles fizeram-me uma visita, o Roger andava em viagem de negócios pela Europa, aproveitaram e foi a família toda.

- Leoa! – ao ouvir aquela alcunha, coloquei Dawn no chão, e virei-me para a minha irmã.

- Kiki! Já são raras as pessoas que me chamam de leoa, só podias ser tu… - ri-me e ela e Roger juntaram-se as gargalhadas, desde de pequena que me chamavam de leoa, isto devido a no filme Rei Leão 2, a filha do Simba se chamar Nala, e como eu adorava, e ainda adoro Rei Leão nunca me importei – Roger! Espero que o meu bebé esteja em bom estado, cunhadinho!

- Claro que está cunhadinha! E está cheio de saudades tuas! – os dois abraçaram-me. Olhei por detrás de roger e viu-o um pouco constrangido a olhar, de certeza que devia de estar a pensar que não foi uma boa ideia vir aqui. De repente deu-me uma vontade e cheguei a imaginar, chegar ao pé dele e enchê-lo de bofetadas e pontapés, e só me afastar quando os seguranças me agarrassem. Mas rapidamente, como apareceu, joguei essa ideia para o fundo do meu cérebro, talvez noutra altura…

Afastei-me da Kiki e de Roger, e lancei-lhes um olhar de raiva. Eles compreenderam o porquê, e retribuíram com um olhar de desculpa. Sem sair som, movi os lábios “depois”. Depois nós os três tínhamos uma conversinha. Movi-me na direcção de Jared. E ele caminhou na minha direcção.

- Jared. – a minha voz não demonstrava emoção nenhuma, o que me surpreendeu.

- Nala. – a voz dele ao contrário da minha, transmitia um pouco de tristeza. Senti pena dele. Rapariga controla-te! Tu é que sofreste… Não sei se referi, mas algumas vezes a minha consciência fala, chega a ser um martírio. Durante um minuto nenhum falava, até que ele quebrou o silêncio – Estás diferente!

- Não é nada de especial, só deixei crescer o cabelo… - a vontade que eu tinha, era dizer, sim estou diferente quer física quer psicologicamente, estou mais forte, mudei, por causa do que tu me fizeste. Mas não só consegui dizer, “deixei crescer o cabelo”, estúpida! Não era mentira. Antigamente, usava o cabelo pelos ombros, agora estava escadeado e pelo meio das costas, também tinha madeixas. Isto fez-me lembrar o dia em que o conheci.

Flashback

- Leoa, anima-te! Vê o lado bom! Vais fazer novos amigos, mas vais estar sempre em contacto com os velhos. – a vontade que eu tinha era de responder, dizes isso porque não deixaste o teu marido, se o tivesses deixado estavas como eu. Mas não, acabei por responder:

- Sim , eu sei isso! Até logo! – saí do carro, e dirigi-me ao que seria a minha nova escola daqui adiante. O que a Kiki disse não era mentira, vou estar sempre em contacto com o pessoal, mas vir morar para a outra ponta de Miami, não facilitava. Olhei para os edifícios à minha frente e inspirei. Não te vais acobardar, miúda, é apenas uma escola, ninguém te faz mal. A minha consciência sempre positiva. Inspirei mais uma vez e entrei. Fui à secretaria tratar da papelada que faltava e buscar o meu horário. Até que não era mau, só não tinha uma tarde livre, maravilha! Era só mais dois anos e meio e ia para a universidade. Por isso, era só aguentar.

Olhei para a primeira aula que ia ter. Pronto começava bem. Educação Física. Lindo! Óptima maneira de começar o ano. A campainha tocou e a malta começou a entrar nas salas. E eu ali especada no meio a tentar encontrar o caminho para o ginásio. Oh burra! Parada não encontras nada! A minha consciência às vezes até que tinha razão. Comecei a andar em frente sem saber para onde ir, mas pronto. Havia de chegar a algum lado. Ia olhando para as paredes a ver se encontrava algo que me indicasse a direcção do ginásio, quando embati contra algo. Olhei para cima, e deparei-me com um rapaz para aí de um metro e quase oitenta, com os seus 16 anos, mas o que me chamou a atenção foram os seus olhos. Eram de um chocolate mas um chocolate derretido, prendiam o olhar de quem quer que fosse. Depois de muito esforço consegui dizer umas palavras.

- Desculpa! Ando meio perdida!

- Não faz mal! És nova por aqui né? – só consegui abanar a cabeça, o olhar dele hipnotizava-me – Queres ir para onde? – eu ainda fiquei a olhar. Quando passado um bocado me apercebi que ele tinha perguntado algo.

- Ginásio – foi só o que respondi e nem sei se era isso que ele queria saber.

- Anda eu levo-te lá. – começou a andar e eu segui atrás, passado um minuto ele falou – Chamo-me Jared! – a minha mente ecoava Jared. Rapariga CONTROLA-TE!

- Nala!

- Desculpa? – boa, afinal é burro.

- Chamo-me Nala! – ele começou a rir-se.

- Sim, eu sei. É o nome da leoa do Rei Leão! Mas que fique dito que eu nasci antes da realização desse filme! – passado um bocado, para aí 5minutos, ele calou-se, se calhar assustou-se com o tom da minha voz, às vezes mete medo.

- Ficou registado. Bem é aqui! – o quê? Já chegamos? Passou rápido, já nem lembro do caminho

- Bem… Obrigada pela ajuda! Se não fosses tu, agora se calhar andava por aí de um lado para o outro feita parva.

- De nada! É sempre bom ajudar uma donzela em apuros! – eu corei com aquilo – Bem já estou atrasado. A seguir vais ter o quê? – olhei para o horário.

- História.

- Tão depois da aula espera por mim aqui, que eu levo-te lá e antes faço uma tour, para conheceres aqui o sítio. – fiquei boquiaberta, que querido!

- Ok! Brigada! Tenho que ir!

- Eu também! Até logo! Xau!

- Xau! – foi só o que consegui responder. E entrei para o ginásio. Bem fora teres de começar com Educação Física, até que a mudança começou bem.

Fim do Flashback

Entrei para aquela aula radiante. No final, quando sai ele já estava lá à espera. Fez a tour, carregou-me de perguntas, descobrimos que tínhamos muitos gostos semelhantes. A partir desse dia, tornamo-nos inseparáveis, começámos a chamarmo-nos por manos devido às nossas semelhanças. Mas tudo o que é bom tem um fim. No ano seguinte, ele e a família mudaram-se, não para muito longe, não como a minha mudança de uma ponta para a outra, mas foi o suficiente para mudar de escola e começar a afastar-se. Falávamos por sms, msn e encontrávamo-nos algumas vezes. Acho que a ligação esteve sempre presente. Até a altura em que ele me contou por sms que tinha perdido a virgindade com a sua fofinha. Por amor de Deus, por sms, ninguém faz isso. Eu tinha a intenção de me declarar no próximo encontro, visto que andar um ano apaixonada sem ele saber, era o suficiente. Mas ao ler aquilo perdi a coragem.

O que me apercebi quando viajei é que a amizade já se estava a extinguir antes do acontecimento do aeroporto. E o que eu não entendo agora é o que ele faz aqui.

Não sei de onde arranjei coragem para falar.

- O que fazes aqui? – não o deixei responder - Como soubeste que chegava hoje? Porque é que não vieste aqui à 6 anos atrás?

Ele encavacou-se. Levou a mão ao cabelo, a pensar.

- Ou respondes agora ou vou-me embora! Estás a desperdiçar o meu tempo! – que má. Vi passar pelo seu olhar a tristeza que ele transmitiu antes.

- Bem… é que… - ele começou.


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