You Found Me (eighth chapter)

Author: Vicky D. / Etiquetas:


Capítulo 8 – Outra forma de ver (Parte 1)


Capítulo anterior: Durante o almoço Kiki telefona a Nala para ela tomar conta das crianças. Para o encontro não ficar a meio e mudando os planos, Jared vai com Nala. Lá é deparado com uma verdade dita por uma criança. Como reagirá?
- Tens cara de drogado.
Fiquei estática à porta da sala. Vi várias emoções passarem pelo rosto de Jared: choque, tristeza, raiva, culpa e antes que lhe passasse pela cabeça estrangular o miúdo, resolvi agir.
- Johnny! – dirigi-me a eles – Isso não é algo que se diga! – por mais verdade que seja…
- Não tem mal Nala. Porque é que dizes isso John? – Jared ficou muito calmo e eu fiquei com cara de parva a olhar para ele.
- Bem – Johnny ficou envergonhado – o pai de um amigo meu no infantário tinha o mesmo tipo de cara que tu. Foi preso por ser drogado.
Como é que um miúdo de 6 anos percebia isto? Sempre é verdade quando dizem que as crianças entendem tudo…
- Johnny onde é que ouviste isso?
- Na escola. Quando ia para a casa de banho ouvi a professora a falar com a mãe do Peter. Estavam a dizer que seria melhor para ele não dizer que o pai está preso e que se metia na droga.
- Não disseste nada ao Peter, pois não? – fiquei preocupada, os cachopos contam tudo uns aos outros.
- Não. Como ouvi elas disserem que era melhor para ele não dizer, fingi que não ouvi. – ia para falar mas Jared interrompeu-me.
- Fizeste bem miúdo. Deixa ser a família dele a contar-lhe quando estiver preparada para isso. É sempre melhor ouvir as piores notícias das pessoas que mais gostamos e que mais nos ajudam, assim suportasse melhor a dor e todas as emoções negativas que antecedem isso… - ao dizer aquilo passou-lhe pelo rosto algo que não consegui identificar. – O melhor que tens a fazer é esqueceres isso puto.
- Pois… Finge que não ouviste nada Johnny, que não sabes de nada. E não vás por aí fora, dizer às pessoas como são as caras delas.
- Mas …
- Nem mas nem meio mas! Já pensaste que o Jared podia não reagir bem ao que disseste… Bem, agora vamos esquecer este assunto, espe… - não consegui acabar a frase. Jared sempre a interromper-me está-se a tornar um mau costume…
- Antes de esquecermos o assunto – fiz-lhe uma cara incógnita, o que é que ele queria dizer agora, ainda me assusta o miúdo – promete-me uma cena John.
- Hmm ok…
- Nunca te vás meter nessas porcarias, pode ser? Não te esqueces?
- Jared! Ele é um miúdo, daqui a uns tempos já se esqueceu desta conversa... – por amor de deus…
- Não há problema. Desde que ele me prometa agora, volto a falar com ele depois. Prometes puto?
- Claro. Eu vou ser um rapaz saudável, cheio de músculos tipo o Hulk!
Tive de me rir, é uma criança tudo que fizer, terá de ser como os super-heróis…
­­- Bem, como já finalizamos esta conversa e como eu estava a dizer - dei um ar de zangada a Jared – esperem aqui enquanto eu faço o jantar. Não te importas de fazer de babysitter dos gémeos?
- Claro que não… Pelo menos sou útil.
- Ok. A Anastacia não deve incomodar muito pois está a brincar com as bonecas – olhei para o canto da sala, ou melhor, o cantinho de brincar como eles lhe chamavam e lá estava a Anastacia com as suas barbies – o Johnny é mais complicado para se entreter, mas se te meteres a jogar na PS com ele acho que se aguenta até comer… - comecei a sair da sala – Ah, os jogos para ele estão com uma fita verde, porque o Fred tem uns violentos não apropriados para o John… Até já.

POV Jared
Auch. Esta conversa doeu. Não bastava ter a minha irmã a atirar-me sempre à cara o que aconteceu, ter perdido a única pessoa que me apoiava e ter de lutar para voltar a ganhar a confiança dela, ainda tenho crianças a atirarem-me à cara as consequências dos meus actos. Tudo pelo que passei ninguém devia passar. A parte da dependência era a parte mais fácil, menos dolorosa, mais fraca. Era cobardia. Fiquei tão furioso por voltar a ter que mudar de casa, por me afastar da Nala que não quis saber de nada, nem dela. Éramos tão felizes quando nos conhecemos. Parecíamos siameses, sempre juntos. Ela dava-me apoio, alegria, sabedoria. Não se importava quando eu tinha de estar junto de alguma namoradita, ajudou-me quando fiquei em baixo por ter sido traído, deu-me um raspanete quando me juntei a uns gajos para bater num pobre dum puto (um história engraçada até, mas digamos putos só sabem andar à luta). Era a rapariga que sempre estava ali, como uma sombra. Se eu tivesse compreendido o que sentia naquela época. Mas não. Mudei de casa e meti-me com as pessoas erradas. Pensava que estava feliz, pensava que estava apaixonado, pensava que viveria para sempre e pensava que a Nala estava sempre lá para quando precisasse de um ombro. Acabei por estar enganado em todos os termos. E agora sou enfrentado por uma criança de 6 anos, que até consegue ver que tipo de pessoa sou. Mas tenho de dizer o puto é tal e qual a tia, directo, um pouco mais educado, mas com a idade deixará de o ser.

Flashback
Mais um dia de aulas secantes… Quem inventou geografia, história e todas essas aulas que dão para tirar uma soneca devia de ser mais louco que eu. A aula mais interessante que tenho é Educação Física e talvez Ciências, mas talvez seja como a Nala diz: “És gajo, não entendes a essência das disciplinas, para vocês o interessante é mexer e praticar, se envolver usar o cérebro por muito tempo, cansam-se”. Por falar nela, tenho de ver se a encontro a seguir à aula. Trriimm! Deus é misericordioso! Nem dei pela aula passar…
- Quero que façam um trabalho sobre o efeito do crescimento populacional no futuro do planeta para a próxima aula. Como não fizeram mais nenhum, este valerá 15% da nota do Período, por isso quero bons trabalhos. – oh boa! Estou lixado! Tenho de pedir ajuda à Nala… preciso de uma boa nota nisto para passar. Se pudesse ressuscitava o inventor da geografia e matava-o eu mesmo. Que miséria!
Bem, onde é que andará a rapariga? Vamos começar pelo cacifo, depois logo se vê. Comecei a caminhar para lá, mas fui logo interrompido.
- Hei puto! – Olha o que me faltava neste momento…
- Nick… ­- Nicholas Walkins capitão da equipa de râguebi – o que queres?
- Que aceites a proposta…
- Ouve meu, já te disse uma vez, não estou interessado – dei-lhe um empurrão no ombro e comecei a andar pelo corredor em direcção ao cacifo de Nala…
­- Não te vais segurar muito tempo, a vontade de entrares para a equipa vai ser maior que a vontade de a protegeres… ­- ainda consegui ouvir o riso dele, mas continuei caminho. Cabrão de merda! A maior vontade que tenho agora é de te enviar para o hospital… grrr… acalma-te Jared. Daqui a pouco estarás à frente da Nala e se te vir perturbado, fará perguntas. 1, 2, 3, 4…. Inspira, expira… tenho de pedir mais formas de relaxamento a ela… e tal como pensei. Junto ao cacifo. Wow!
- Hei maninha!
- Oi! - pumb! Neste momento não queria estar no lugar dos manuais… a leoa está brava!
- O que se passou?
- Aquele estupor do stor de Cálculo! Só me dá vontade de esganá-lo… GRRRR!
- Bem, então não sei se será a melhor altura… mas precisava de te pedir um favor…
- Olhem, olhem! – oh não, mais uma para chatear, Nala revirou os olhos e fechou o cacifo ao ouvir aquela vozinha irritante…
- Oh por amor de Deus! - tive de me rir da cara que ela fez…
- Se não é a esquisitóide e o namoradinho! – é verdade que Nala era estranha, mas digamos a verdade, quem não é? Essa do namoradinho, foi a alcunha que me pôs depois de me começar a dar com Nala, acho que as meninas não gostaram muito foi de serem trocadas. Eu não me importo com o que me chamam, nem a Nala, por isso não ligamos. – Nala, querida, porque será que nunca te vi com um rapaz de jeito? Tipo, algum da equipa… - tive de me rir, se existe alguém que a Nala odeia são aqueles convencidos, meninos do papá, claro, que só a seguir à Gretchen… Gretchen Stenson ex- chefe de claque, se antes odiava a Nala por causa de mim, desde que foi expulsa da claque por causa de um documentário que ela fez sobre o liceu, e no qual aparecia a chefinha com dois gajos ao mesmo tempo debaixo das bancadas, que lhe ficou com um ódio tremendo… Sentimento mútuo entre as duas, depois da vingança de Gretchen (um dia destes ficam a saber que vingança). – Não que aqui o Jared – eww, odeio quando ela olha assim para mim, a despir-me com o olhar, tenho de me lavar depois! – com um pouco de ginásio, ou se entrasse para a equipa, não se aproveitasse, mas como te tem a ti como companhia é normal que seja franzino. Diz-me Jared… - porra, não gosto quando se dirige a mim directamente, ainda por cima aproximando-se. Porque é que a Nala ainda não falou? Sempre mudava o centro das atenções. – achas que a Nala te satisfaz o suficiente? Eu cá não acho, nem vocês meninas né? – as “cachorrinhas” concordaram com a dona, claro está. – Devias de andar com raparigas maduras, em todos os sentidos. Não com virgenzinhas de meia tigela! – aí está um bom ponto de discussão, porque não sabes da missa à metade (agora vocês perguntam-se qual missa? Isso não é uma história minha, nem bonita, por isso esperem que a Nala vos conte). Ia para responder à Gretchen fazendo uma cara de poucos amigos, mas não foi necessário.
­- Ouve lá sua vaca desmamada! Ser puta não anda a render? É preciso vires chatear-nos a nós também. Diz-me... Levaste os gajos todos que andas a foder à falência ou os serviços que lhes prestas já não os entusiasma e já não pagam? Ah, agora vais vender-te aos putos? Bem, eles vão ficar entusiasmadíssimos, para muitos será a sua primeira foda! Mas olha que não sei se os pais acharão muita piada… Podes ser acusada de violação. Ninguém quer isso… É um conselho de amiga. – e fez uma cara inocente. Grande Nala, final excelente. Ia para a apoiar, mas o que aconteceu a seguir nem deu tempo para reagir. Quando dou por mim estão as duas à porrada. Gretchen deu uma estalada a Nala, esta deu-lhe um murro. Uh, vai ficar negro. Gretchen começou a arranhar Nala na cara e a puxar-lhe os cabelos. Só que a minha maninha atirou-a ao chão e começaram a rebolar. Eu só assistia, as outras gajas davam gritinhos. Se eu podia separar as duas? Até podia, mas estava a divertir-me. O que posso dizer? Sou gajo, adoro ver lutas entre gajas.
- O QUE É QUE SE PASSA AQUI?! – ups. De repente, o pessoal todo que se reuniu a assistir ao wrestling, saiu a correr. Reitor Jenkins. Agachou-se e agarrou as gatas enfurecidas. Elas ainda se debatiam, para se atacarem uma à outra.
- Cabra!
- Puta!
- Vaca!
- Oh, querida! Isso não te adianta, já estou habituada a ser chamada de tudo. – pelos vistos a fúria da Nala já estava a passar, começou a acalmar, a não debater-se quer física quer verbalmente.
- Bem meninas. Seja o que for que tenham para resolver, não será nos meus corredores. Ambas ficarão duas horas depois das aulas a ajudar o Sr.Grant durante uma semana.
- O QUÊ?! – gritaram as duas ao mesmo tempo.
- Sr. Jenkins, eu não tenho culpa. A Nala atacou-me verbalmente enquanto eu estava a falar com o Jared, tive de me defender. Não posso ficar cá depois das aulas, tenho ensaio de Dança. Ela é que devia de ser suspensa. – Gretchen tentava dar a volta ao reitor.
- Sim, pois. E eu nasci ontem menina Stenson. Digam até logo uma à outra. Vão ter muito tempo para passarem juntas. E se por acaso vejo mais alguma vez este tipo de comportamento, serão suspensas mesmo. AMBAS! Agora desapareçam daqui. – soltou as duas, e Nala veio na minha direcção. – AH! Sr. Procter… Como excelente cavalheiro que é fará companhia às damas. – como?
- Mas…
­- Nada de mas. Ou acha que mesmo que por não estar inserido na acção, não faz parte do acontecimento? ­– bem, visto por esse ponto. Tenho de concordar.
­- Sim, senhor reitor.
- Muito bem. Agora dispersem! – deu meia volta e seguiu caminho – Ei! Tu aí? Nada de pastilhas nas paredes! – e o polícia continua a rusga.
- Estavas a divertir-te assim tanto? – Nala falou, mas não estava muito atento.
- Desculpa?
- O sexo masculino diverte-se e excitasse a ver gajas à luta ou lésbicas. Pergunto-me porque será?
- Queres mesmo saber?
- Naaa… Dispenso.
- Lembra-me para nunca te chatear ou dizer algo desagradável quando estás furiosa… Tens um bom gancho esquerdo! – ela riu-se. – O olho direito dela vai ficar bonito daqui a umas horinhas… - e fomos a rir até ao bar.
Fim do flashback

Se quiserem saber porque é que os homens adoram lutas de gajas e se excitam e fantasiam com lésbicas é perguntarem. Mas isso não é o que interessa aqui. O ponto é que nunca percebi o que Nala sentia. Não via o que se passava debaixo do nariz. Também eu era meio burro, um pouco para o parvo e ela escondia bem e camuflava tudo o que se passava dentro dela. Ela era difícil de se ler naquela altura e não deixou de ser agora. Quando a vi de novo no aeroporto, antes de ela me topar, não consegui notar se estava diferente ou não. O rosto dela era indecifrável, só quando os olhos dela se prenderam nos meus, é que mostraram algo. Choque. O primeiro sentimento que ela sente ao me ver depois de tanto tempo foi choque, como se eu tivesse voltado dos mortos. Aí pensei que realmente a tinha perdido. Passou por mim uma sensação de fugir. Desistir. Mesmo antes de começar. Mas eu precisava dela, sentia a sua falta. Então fiquei ali à espera. Vi a saudade que ela sentia da sua família, das crianças. E quando se voltou para mim vi fúria. Eu não merecia a passividade dela. Ela devia ser bruta comigo, por tudo o que lhe fiz. Mas não, a generosidade sempre foi um ponto forte dela. Quando me deu a oportunidade de a reconquistar senti-me tão alegre, tão aliviado, cheio de esperança. Como se o Sol brilhasse no fim de uma tempestade. E agora estou aqui. Na casa dela. Ela ainda me ama. Consigo ver isso. A tensão que se acumulou hoje, o quase beijo que demos, só me mostrou que o sentimento continua lá. Por mais que ela tente lutar, nunca deixou de me amar. O que só ajuda para a minha culpa. Devia de ter ido naquele dia à 6 anos dizer-lhe adeus. Mas fui fraco, continuo fraco. A reabilitação foi dolorosa, não recuperei totalmente. Mas estou-me a esforçar por isso. Por ela.
- Jared? – de repente acordei dos meus devaneios.
- Desculpa, puto.
- Estavas esquisito. A olhar fixamente a parede.
- Ah, não te preocupes. Bem vamos jogar?
- Boa!
- Vamos ver o que é que podes jogar? – fui até à prateleira dos jogos. Fita vermelha, vermelha, vermelha. Só vermelhas, minha nossa. Ah ah! Verdes! – Bem puto, o que queres jogar? Temos aqui Sonic, Dragonball, Pokemon…

Aviso

Author: Vicky D. /

Para as poucas pessoas que passam por aqui:

Eu sei, há muito tempo que não posto textos e capítulos, eu sei...

Mas é que estás férias têm sido um pouco esquisitas:
1º - inspiração não há;
2º - na última semana de Julho fiz uma viagem até aos Pirinéus;
3º - logo esta primeira semana de Agosto foi para recuperar forças;
4º - continua a não haver inspiração;
5º - não sei como serão o resto das minhas férias;
6º - ainda terei limpezas e viagens para fazer;
7º - inspiração em vias de extinção;
8º - só consigo escrever textos quando estou deprimida;
9º - nos últimos tempos não tenho andado deprimida;
10º - prometo que vou arranjar inspiração para escrever capítulos!

E bem é isto que tenho a dizer... :P

Frase do dia

Author: Vicky D. / Etiquetas:

"A noite é a mãe de todos os pensamentos."
John Florio

VIA FERRATA SORROSAL-BROTO (HUESCA) SPAIN JUNIO 2009

Author: Vicky D. /



Eu Fiz isto!!!! Granda semana. . .

Com tecnologia do Blogger.