You Found Me (fifth chapter)

Author: Vicky D. / Etiquetas:


Capitulo 5 - Palavra

Capitulo anterior: Jared surpreende Nala com um beijo, ao início esta deixa-se envolver mas logo cai na razão e “empurra-o”. Daí provêm mais uma conversa em que ela decide dar-lhe uma oportunidade para a reconquistar, pondo-o fora de casa em seguida. De manhã, depois de uma noite atribulada, depare-se com Kiki e Roger envolvidos na cozinha, fazendo-a recordar de acontecimentos em Oxford. No final, recebe uma mensagem de Jared para se encontrar com ele no jardim onde costumavam ir.

Numa coisa não mudou. Continua a usar mensagens em vês de chamadas. Mas pronto. E agora vou ou não vou?

Li várias vezes aquela mensagem. Ir ou não ir era o meu dilema. Mas por um lado tinha-lhe prometido que lhe dava uma oportunidade, e sempre fui uma rapariga de palavra. Não era este marmanjo que ia mudar os meus valores, apesar de me ter feito mudar. Mas pronto não interessa, eu disse que lhe dava uma oportunidade e vou dá-la.

Às 13h30 no jardim. Que eu me lembre aquilo era mais um parque que um jardim, claro que tinha canteiros cheios de flores, mas maioria eram árvores e montes e tinha baloiços para as crianças brincarem. O pessoal costumava fazer jogging e andar de skate e patins. Sinceramente, já não sei a diferença entre jardim e parque. Sabes… Estás para aí a pensar em coisas que não interessam e os minutos vão passando. Olhei para o relógio: 11h50, ainda faltava um bocado, mas como ainda tinha de falar com a Kiki e passar pelo shopping era melhor começar a acelerar.

- Kiki!! – gritei, enquanto caminhava para o meu quarto.

- Sim, leoa? – respondeu não sei de onde.

- Vou sair e não sei a que horas volto!

- Pode-se saber onde a menina vai?

- Não, é confidencial!

- Oohh! É um encontro com o Obama?

- E com o Bill Gates. Ah! E também vai o Steven Spelberg. Não posso dizer mais, já estou a fugir ao sigilo. – ri-me e ela juntou-se. – eu depois conto-te, pode ser? – acabei de arrumar a minha mala da Betty Boop, mas sentia que faltava qualquer coisa.

- Ok leoa! Vais levar o jipe??

Era isso, faltam-me os documentos e as chaves do meu bebé.

- Vou! Onde é que estão as chaves e os documentos? – caminhei para a casa de banho só para colocar um pouco de lápis nos olhos, eu não era muito de me maquilhar.

- O Roger colocou-os na primeira gaveta do móvel do hall!

- Ok! – parecíamos umas doidas a gritar dentro de casa. Era hábito muitas vezes não nos dirigirmos uns aos outros, por preguiça ou assim, e conversarmos aos gritos. Tanto que levei esse costume para Oxford.

Olhei para o relógio: meio-dia, tinha uma hora e meia para andar no shopping e chegar ao parque. Fui ao hall para ir buscar as cenas do jipe.

- Até logo Kiki! – gritei e saí para a garagem.

- Até leoa! Porta-te! – a minha irmã gritou de tal maneira, que acho que os vizinhos ouviram bem.

Cheguei à garagem, e destapei o meu bebé. As saudades que tive do meu Hummer preto. Fiz bastante inveja com este grandalhão. No ínicio, o pessoal da Secundária Albert Einstein (estive lá três anos e nunca percebi porque raio tinha aquele nome, mas pronto) ficava abismado a olhar, naquela altura era invulgar ver um jipe daqueles, excepto no CSI Miami e como eu era aluna nova, aquilo era novidade. Para o fim só o pessoal que era novo lá é que ficava parado no meio do estacionamento, mas a inveja esteve sempre presente em todos. Foi Roger que mo ofereceu quando fiz 17 anos, fiquei histérica naquele dia, mas sentia-me mal por ele ter feito aquilo visto que não tinha obrigação. Lá o consegui convencer em devolver-lhe pelo menos metade do que gastou, devolução que levou 4 anos a trabalhar como ama e empregada de mesa e outras cenas simples.

- Olá bebé! Morri de saudades tuas. Pronto para passear? – entrei, e fiquei uns minutinhos a relembrar o que era conduzi-lo – Bem, vamos ver se ainda sou capaz de andar contigo. – em Oxford nunca conduzi um carro, aquilo de o volante ser do lado direito e o sentido dos sinais ser também diferente baralhava-me.

Pu-lo a trabalhar, abri o portão da garagem e arranquei. Segui pela avenida até cortar por um atalho que ia dar directamente ao parque de estacionamento. Aí apanhava menos trânsito. Assim foi. Mesmo passados 6 anos pouco era o movimento desta estrada, apesar de ter mais umas quantas moradias, o problema era a aparência. Sempre fui um bairro pobre e maioria das pessoas era afro-americana. O racismo continuava. A mim não me incomodava em pequena convivi com pessoal negro, e mesmo na secundária alguns dos meus colegas também eram. E em Osford aquilo era multicultural.

Cheguei ao parque de estacionamento e andei as voltinhas à procura de um lugar, passado um bocado lá encontrei um lugar bom para pôr o grandalhão. Dirigi-me às lojas de roupa, estava a precisar de umas roupinhas para o calor. O que me valeu é que sempre fui daquelas poucas que não passa muito tempo a escolher uma peça de roupa. Depois de comprar umas quantas t-shirts, tops e calções, e de passar nos DVDs fui para a ala das lojas de lingerie. Quando ia a entrar numa loja reparei num homem de cabelos loiros e pareceu-me conhecê-lo, mas não me vinha à memória. Não liguei e segui para dentro. Quando estava a pagar é que reparei nas horas, uma, tinha de me despachar ainda queria passar pela livraria. O problema é que, pelo menos, demoraria lá 10 minutos. Apressei-me a lá chegar. Peguei no novo livro de Phillippa Gregory, “A Rainha Branca”, dei uma rápida olhadela a uns quantos. Um dia ia ter na minha própria casa, uma grande biblioteca. Paguei e saí de lá a correr. Já só tinha 10 minutos para chegar ao parque. Conduzi rápido o suficiente. Estacionei no primeiro lugar que me aparecei e saí. Já passavam 10 minutos, o rapaz ainda se ia embora. Melhor para ti. É como segues em frente em vez de estares encalhada. Eu não estou encalhada, quando quero divirto-me. E não é preciso estar bêbeda. Caminhei até ao banco onde costumávamos estar. O parque tinha a mesma estrutura, só algumas árvores adicionadas, mais candeeiros, bancos, notava-se o novo do velho. Quando cheguei àquele banco, um skater passou rapidamente por mim. Skates não eram algo que eu apreciasse muito.

Flashback

- Eu não quero. – estava sentada no banco, enquanto que o J andava de um lado para o outro no seu skate, a insistir para que eu aprendesse a andar.

- Vá lá maninha! Não custa nada!

- Não! Mal me meta em cima disso, caio logo! Prefiro estar aqui sentada!

- Não cais nada! Eu não te deixo cair!

- Não e não! Continua a andar de um lado para o outro e a dar piruetas, que eu fico-me pela leitura.

- Maninha! Vá lá! Deixa os livros por um bocado, desporto também te faz bem! – começou a fazer a sua carinha de súplica. Como se precisasse disso para me convencer, mas era sempre engraçado vê-lo com aquela cara, os olhos a brilhar, o lábio inferior para fora.

- Ok ok! Para tua informação eu pratico desporto, Voleibol!

- Eu sei! E também sei que és uma óptima jogadora quase profissional!

- Não é preciso exagerares! Sou uma jogadora razoável, que treina bastante e que se aplica.

- Que se for para uma equipa a sério, torna-se federada e profissional. E depois estou a assistir aos jogos olímpicos e vejo-te na equipa dos EUA, a dar uma abada a todos.

- Que imaginativo! Não queres mais nada? Já agora ganhas a lotaria e dás uma ou mais voltas ao mundo.

- Também era bom. Mas o que tenho basta-me. Vá agora deixa de mudar de assunto. Eu agarro-te e tu sobes para a tábua.

- Jared, se eu caio não sabes o que te aconteça! – agarrei-me aos ombros dele enquanto, a muito custo, colocava os pés em cima daquele perigo.

- É essa a confiança que tens em mim?! Que ofensa! – ele agarrou-me pela cintura, o que fez com que me desse um calafrio.

- Pronto já estou cá em cima! O que queres que faça? Consigo fazer aquilo de apoiar na parte de trás e rodar, não mais que isso.

- Agora quero que andes! Tiras um pé daí, e vais dar balanço, depois voltas a colocá-lo aí em cima e deixas te ir, devagar.

- Não gosto da ideia, mas está bem! – (relativamente ao que aconteceu a seguir o que vos posso dizer é, imaginem uma pessoa a andar de skate normalmente, só que essa pessoa vai bastante depressa e sem rumo e não sabe como parar. Tentem adivinhar o que aconteceu. Já pensaram? Vamos ver se acertaram)

- J! Como é que isto se pára? – Eu ia a alta velocidade, o que me valia é que o caminho era sempre a direito. Esperem, acho que me enganei. – Curva!!!!

- Nala faz aquilo de rodar! – ouviu dizer, mas já valia a pena. Eu já ia a voar até a relva. Depois de umas quantas cambalhotas e movimentos esquisitos parei em cima de uma árvore.

- Auch! – disse para mim mesma.

- Nala! – Jared vinha a gritar. – Estás bem? Eu disse para ires devagar.

- Devagar é uma palavra extinta no meu dicionário, caso não saibas. E sim, acho que estou bem. – mas quando ia para me levantar uma dor aguda apoderou-se do meu tornozelo. – Ai! – e voltei a cair de cu no chão.

- Não estás nada bem. Onde é que te dói?

- Fora os arranhões e esfoladelas, dói-me o tornozelo direito. Se calhar está partido, mas como ainda consigo mexer o pé, deve ser só uma entorse.

- É melhor ires ao hospital. Eu levo-te lá.

- E como é que me levas? De skate, bem posso morrer a meio do caminho.

- Não, sua totó. Como é que chegaste aqui? No teu jipe, não foi? Então levo-te nele.

- Não sei não. Ainda dás matas o meu bebé.

- Ok. Tão fica aí a morrer de dores. Eu vou andar de skate.

- Não! Espera! As chaves estão na mala. – ele dirigiu-se ao banco e eu fiquei quieta no mesmo sítio. Quando trazia a minha mala e livros. – Sabes, vou demorar uns bons minutos a chegar ao carro.

- Não vais não. – encaixou os livros para dentro da mala, o que valia é que aquilo era mais um saco que uma malinha de mão. E para minha surpresa pegou-me ao colo.

- Hei! Não é preciso levares-me assim, o teu ombro chegava de apoio. Sou pesada.

- Não és nada! E assim chegamos mais depressa. – não consegui resmungar, afinal estar nos seus braços era bom apesar de ser só em alturas de necessidade.

- Ficas lindo de malinha! Acho que vou oferecer-te uma no teu aniversário. E lá dentro vai como brinde maquilhagem.

- Hmm, acho que ficava sexy! Depois calçava uns dos sapatos da minha mãe e um vestido da minha irmã, ou um teu, devia ficar-me melhor

- Já sei! Aquele vermelho com carapuço. Vestes umas calças de ganga ou umas leggins e ficas a parecer a capuchinho vermelho.

- Acabaste de dizer o mau próximo traje de carnaval! (e foi, no Carnaval seguinte, foi a comédia total, ele até ficou em 2ºlugar do concurso de máscaras, o homem bailarina ficou em 1º, ewww só de me lembrar daquela figura… ewww!)

Chegámos ao jipe, e ele fez questão de me sentar no banco, estava-me a sentir uma incapacitada. Só que ao pôr-se de pé para fechar a porta, bateu com a cabeça no tejadilho e desequilibrou-se para cima de mim. As nossas bocas quase que se tocaram, e os meus olhos ficaram presos naquele mar de chocolate. Um momento intenso. Por mais que a minha vontade fosse beijá-lo naquela altura, comecei a rir-me.

- Qual é a piada? – perguntou indignado.

- Daqui bocado, temos de chamar é uma ambulância para nos levar aos dois! – continuei a rir-me. – Ainda hás-de de cair e ficar inconsciente.

- Que engraçada! Isso é o que querias, livrares-te de mim assim tão facilmente! – fechou a porta e dirigiu-se ao banco de motorista. – O que é que achas que serias sem mim? Para te salvar o coiro sempre que precisas?

- Seria uma milionária pertencente à máfia! E tinha os homens que quisesse! – em vez de andar a suspirar pelos cantos por uma paixão impossível, pensei para mim mesma.

- Talvez… - riu-se e seguimos para o hospital. O caminho todo a dizer parvoíces, mas o clima tinha-se tornado um pouco tenso desde o acontecimento anterior.

Fim do Flashback

No dia a seguir já o clima tinha voltado ao normal, pelo menos eu achava. Sinceramente, já não sei a partir de que altura é que começámos a afastarmo-nos. Houve tantas situações constrangedoras e estranhas.

Deixando o passado, estava em pé junto ao banco, ele tinha dito “20 passos para Este”. Bem, Este, deixa-me ver o Norte ficava atrás de mim logo o Este era a minha esquerda, mas 20 passos para a esquerda iam dar aos baloiços, de certeza que não estaria lá. Logo, só me restava o meu Este, isto é, a minha direita. Contornei o banco, e comecei a contar os passos.

- … 17, 18, 19 e 20. – Parei, olhei em volta e reparei numa carta verde debaixo de um lírio branco. Aww, lembrava-se da minha flor preferida. Branco era pureza, paz, bem de certeza que não se dirigia a mim, então talvez significa-se que ele já estava puro e em paz consigo. Verde era esperança, calma, juventude, e também era a cor dos meus olhos, que significavam traição, mas pronto isso não interessa.

Contudo aquilo podia não ser para mim, mas quem é que teria uma ideia idêntica de certeza a ele, neste momento acho que ninguém. Apanhei a carta e abri.

Ao chegares aqui, fizeste a minha esperança aumentar. Posso nunca te ter oferecido flores, mas sei que o lírio e a orquídea são as tuas preferidas. São flores bonitas, mas a mais linda está neste momento a ler a carta de um pobre coitado. Estou junto ao lago à tua espera. Jared

Dobrei o papel e pu-lo no bolso. Peguei na flor e andei até ao lago. Quando lá cheguei tive de ficar surpresa. Ele estava sentado em cima de uma manta no meio da relva, com um cesto de piquenique e um ramo de flores ao lado. Ele era romântico e querido. Mas comigo sempre foi só querido, as cenas românticas nunca foram para mim, apesar de algumas vezes ajudar na preparação ou de um jantar, saída ou surpresa. Caminhei até ele, que estava de costas a brincar com algo que tinha na mão.

- Jared! – ele sobressaltou-se, mas levantou-se logo de seguida.

- Nala! Sempre vieste!

- Claro! Sou uma mulher de palavra. Desculpa-me o atraso.

- Não tem problema, antes tarde do que nunca! – deu o seu sorriso torto, e eu sorri de volta. – Bem, já deves ter compreendido o que vamos fazer aqui…

- Ya, há muito tempo que não faço um piquenique…

- Sim, mas antes disso, tenho algo para te dar. – apanhou a pequena caixa que tinha na mão há pouco, e entregou-ma – Abre.

Primeiro fiquei a olhar para aquele pequeno objecto, e só passados uns segundos é que abri a caixinha. Fiquei abismada.

- Awww! Não acredito de que te lembraste! – uma lágrima veio-me ao canto do olho.


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