You Found Me (seventh chapter)

Author: Vicky D. / Etiquetas:

Capítulo anterior: Na pequena caixa que Jared ofereceu a Nala estavam um medalhão e um alfinete em forma de tigres. Estes tigres trouxeram-lhe recordações antigas de tempos felizes de adolescente. Mas voltando ao presente, Nala decide ainda não ceder a Jared, desviando a atenção para o almoço, quando ocorre um clima estranho entre os dois.

Voltei-me para ele e reparei que estava um pouco embaraçado.

- Bem o que é que trouxeste para comer? Estou faminta!!! – e fiz-lhe o meu melhor sorriso, ao qual ele retribuiu com o meu sorriso torto.

Capítulo 7-Encontro

- Hmm. Se te sentares descobres… - dirigiu-se para a manta e sentou-se, puxando o cesto para junto dele. Segui-o e sentei-me também. – São para ti. – disse pegando no ramo de rosas vermelhas e oferecendo-me. – Pensei em comprar orquídeas, tal como o lírio, só que lembrei-me que talvez te chateasses um pouco, devido a estarem em vias de extinção e eu contribuir para esse facto.

- Fizeste muito bem. As rosas, apesar de comuns, são flores muito bonitas. E assim não contribuis para o impacto ambiental. – sorri, cheirando as rosas. – Posso ver o que trouxeste no cesto?

- Claro! É para comeres também…

Foi-me mostrando a comida que trouxe, sandes, empadas, carradas de coisas. O apetite dele não mudou em nada, o meu pelo contrário, mudou. Já não como tanto como comia há uns aninhos atrás. Começámos a comer em silêncio, mas a uma certa altura, o silêncio em vez de agradável tornou-se constrangedor. Decidi quebrá-lo com as típicas perguntas de chacha; como estava a família dele, se ainda tinha contacto com pessoal da escola, o que ele fazia agora.

- Bem, como podes imaginar, referir que estive na reabilitação não ajuda muito a conseguir um emprego… Então estou a trabalhar na empresa do meu pai, a fazer-lhe recadinhos. “Jared Procter fizeste a tua própria cama, agora deita-te nela… Se queres continuar a viver debaixo do meu tecto até arranjares casa própria, tens de trabalhar! Nem que seja a fazer de mocinho dos recados!” – disse aquilo imitando muito bem a voz do pai – Não conseguindo outro emprego, não tive outro remédio se não ir trabalhar para ele.

- Pois… É um pouco mau, mas tenho de dizer que concordo com ele. Se me tivesses ao menos contado o que se passava contigo, naquela época, hoje não precisavas de ser moço dos recados. – ri-me ao dizer aquilo –AHAH! Desculpa-me! Não consegui conter-me. Mocinho dos Recados!! Sempre te imaginei militar ou assim, mas isso nunca… - ele calou-se durante um bocado.

­- Deixando as minhas escolhas de parte. Como é que foi em Inglaterra?

- Foi espectacular! ­- contei-lhe sobre trabalhos que fiz, cenas que se passaram, falei-lhe da C e da Yo. Que saudades tinha delas, há um ano que não nos vemos como deve ser, com os estágios separámo-nos um pouco, e agora com o meu regresso aos EUA, ainda pior. Descrevi-lhe sítios por onde passei, o medo que senti ao andar na roda gigante. Parecíamos dois velhos amigos que já não se viam há algum tempo, em vez de dois ex-melhores amigos com complicações… Só não referi certas bebedeiras e Rick (um dia destes conto-vos uma história anterior a Rick, mas por agora não… E não vou revelar o meu passado após Jared, ao próprio). Continuei a falar de Oxford. – Agora estou à espera de respostas. A universidade mandou o currículo para vários lados. Antes de conseguir trabalhar sozinha, gostava de trabalhar com alguns realizadores. Especialmente, com o Burton ou o Spielberg. – comecei a imaginar-me ao lado de Tim Burton a realizar um dos seus filmes macabros – Mas é algo que não passa de um sonho…

- Eu não acho isso! Acho que um dia destes, um deles vai ver os teus trabalhos e chamar-te para dar dicas…

- Sim, sim. É isso e couves! Essas coisas só acontecem nos filmes, não na vida real…

- Estes últimos anos fizeram-te mais pessimista do que eras… Eras tão optimista, com sonhos e coisas muito pouco prováveis de acontecer, acreditavas em tudo…

- Isso era antigamente, aprendi muito ao longo destes anos. E uma das coisas que aprendi: é que não existem contos de fada. E para termos um pouco do queremos temos que lutar por isso. ­– esta conversa estava a deixar-me melancólica, por isso calei-me.

- Tens razão… - eu podia estar a ficar melancólica, mas ele de um momento para o outro ficou triste, abatido. E só aí, vi como as minhas palavras o atingiram “não existem contos de fada. E para termos um pouco do queremos temos que lutar por isso”, isto aplicava-se ao nosso caso. Para não estragar o resto do encontro, e porque ele antes estava a tentar animar-me, resolvi tentar animá-lo.

- Então, o que é que planeaste fazer a seguir ao almoço? Diz-me que não vamos ficar aqui sentados a olhar para o anteontem! Sabes que não consigo estar quieta por muito tempo…

Ele riu-se e eu sorri com isso.

­- Eu pensei em irmos dar um passeio. Caso não saibas ocorreram algumas mudanças na tua ausência. Depois de te mostrar as diferenças na cidade, podíamos ir ao cinema. Não sei os filmes que lá estão, mas é uma questão de escolher. E escusas de sentir-te mal por não escolhermos um de terror, não há problema. – olhou-me com expectativa, parecia uma criança à espera que a mãe lhe autorizasse a comer um doce. Fingi ponderar por um bocado. No final fiz uma careta de quem não gosta muito do que lhe foi proposto, só para o fazer sofrer um pouco. Isso mesmo fá-lo pensar que não é com a palavra cinema que te conquista! Obrigadinha, mas foi com essa palavra que eu decidi…

- Okei! Pode ser! Ainda só fui ao centro comercial desde que voltei, fazia-me bem voltar a passear pela cidade. E podemos ver um filme de terror não há problema…

- Boa! Mas… tu não gostavas de filmes de terror, pelo menos nunca te consegui a ver um…

- Como realizadora tive de aprender a gostar, para perceber o trabalho que se faz nesses filmes. E se eu estiver a apreciar a produção do filme, consigo aguentar vê-lo.

- Hmm… Tu vais dar uma excelente realizadora!

- Talvez! E até hei-de receber um Óscar…

- Claro!! Bem, vamos andando? – perguntou levantando-se e oferecendo a mão para me ajudar. Hesitantemente peguei-lhe na mão.

Ele puxou-me para cima e foi aí que me arrependi de usar saltos e de permitir que ele me ajudasse. Não que eu seja uma trapalhona a andar mas é que ao pôr-me de pé, tropecei e se o Jared não me agarrasse, caía. O que fez com que os nossos rostos ficassem a milímetros de distância e os nossos olhares fixos um no outro (típico de filme né?). Ele começou a desviar o olhar para os meus lábios, começando a inclinar-se. Não me mexi ao início, mesmo prevendo o que ia acontecer. Os lábios dele roçaram nos meus, depois beijou-os delicadamente. Era um beijo suave, só um contacto de lábios. Um beijo doce. Passou a língua pelo meu lábio inferior a pedir passagem. No momento em que lhe a ia ceder. A minha consciência falou. Rapariga, ao aprofundares esse beijo, daqui vão para uma cama! Queres isso? Isso é pergunta que se faça? Pois claro que quer! (peço desculpa, a minha consciência tirou folga, agora tenho o diabo vs anjo na minha cabeça) Quero, mas não posso! A muito custo afastei-me dele.

- Jared…

- Desculpa, tu disseste…

- Não há problema, mas vamos com calma ok? Entende que eu apenas não quero que ninguém saia magoado.

- Sim, tens razão. Desculpa-me…

- Tudo bem! Bem então por onde queres começar o passeio? – olhou para mim com uma cara incógnita.

- Ainda queres ir? ­– gajos, nunca percebem nada.

- Claro! Adoro passear! E não perco uma ida ao cinema! ­Vamos levar esta tralha para o meu bebé! ­– comecei a dobrar a toalha – Não sei se estás de carro, se tiveres podemos deixar no teu…

- Não, a minha irmã trouxe-me aqui. Trouxeste o Hummer? Há anos que não o vejo! Tens de me deixar da uma volta nele!

- Hmmm, não sei… Depois ainda acontece algum desastre ao meu bebé! Não sei, tu podes ser perigoso! – disse esta parte com um tom tão sério, que em vez de parecer que estava a gozar, estava a afirmar num tribunal. Ele olhou para mim com uma cara de “tu sabes que não!” e um pouco de desilusão. ­– Mas talvez um dia! Quando ele deixar de ser um bebé e for um velhinho… Mas mesmo assim… não sei! – aqui já se notou o meu tom de gozo. Mas por que raio a bocado saiu sério? Queres mesmo saber porquê? Pensa um pouco, que eu não te vou dizer! Eu acho que ela devia de saber. Vocês conseguem ser tão úteis… Acho que a consciência sozinha fazia melhor trabalho… (aposto que estão a pensar que sou doida, talvez seja, nunca se sabe). Não me interessa agora saber porquê, logo à noite vejo. Se não estiveres a fazer algo mais interessante. Ah cala-te!

- Desculpa? Eu nem falei…

- Ohh! Disse isto em voz alta? Desculpa. Estava a ter uma guerra dentro da cabeça, não ligues. Bem vamos lá deixar isto no jipe, para irmos passear.

Seguimos para o parque de estacionamento. Chegámos ao jipe e colocámos a tralha lá dentro.

- Ele parece novinho em folha!

- Se formos a ver eu não o usei muito. Durante dois anos depois de o receber, e até hoje o Roger só fazia lhe fazia a manutenção. É o meu bebé… A minha preciosidade…

- Pensei que a tua preciosidade fosse a câmara?!

- A câmara é o meu tesouro e a minha vida, o jipe é a minha preciosidade e o meu bebé. É diferente, talvez não percebas…

- Talvez não, talvez sim…

Não percebi aquela. E depois eu é que sou estranha…

­- Bem e por onde é que começamos?

- Pensei em começarmos pela biblioteca, já que é aqui perto, depois íamos a uma gelataria, passávamos por lojas, o museu e logo se via, até irmos ao edifício do cinema…

- Ok, por mim… Estou ansiosa para ver o que mudou nestes anos todos!

Seguimos para a biblioteca. O edifício tinha sido remodelado; antigamente notava-se que era tão velho como alguns dos livros que estavam lá dentro, agora apesar de o principal ter a mesma estrutura, tinha sido alargado de lado, pintado, até renovaram o jardim à volta. Não resisti em entrar e ver como ficou por dentro. Era enorme, a parte “velha” tinha a mesma a secção dos livros, tendo mais do que antes, depois havia uma ala para os dvds e cassetes, outra para a música e outra para os computadores. Havia umas escadas para o arquivo e para uma sala grande. Tinha também uma cafetaria e ao lado o elevador. Estava linda! Não era tão quente e acolhedora como antigamente, porque não tinha aquele ar antigo e pequeno. Mas era confortável. Renovei o meu cartão, visto que eles ainda tinham os meus dados. E ainda requisitei um livro de Shakespeare “Rei Lear”. Jared dava indicações e seguia-me só quando eu já me tinha ambientado. Da biblioteca seguimos para uma gelataria. Era uma nova, que estava na rua das lojas. Jared disse que a gelataria do Sr. Cane foi vendida quando este faleceu há três anos. Fiquei triste. Adorava o Sr. Cane e a sua gelataria, sempre que lá ia oferecia-me um segundo gelado para provar um novo sabor ou mesmo só quando eu passava à porta, ele chamava-me. Era um velhote simpático e engraçado. Comprámos um gelado para cada um e fomos vendo as montras. A loja de Antiguidades continuava no mesmo sítio, mas com algumas remodelações. Como Jared tinha dito, nova gerência. Estávamos a ver mais algumas montras quando os Muse começam a tocar no meu telemóvel. Tirei-o da mala e vi que a chamada era da Kiki.

- Kiki?

- Nala, desculpa-me mas é que preciso de ti!

- O que se pas…

- Andrew! Larga isso! Dawn isso é da tia! – nem consegui falar, estava uma algazarra do lado de lá da ligação. Só ouvia berros e acho que coisas a voar e partir. – Mãe, o Johnny não me dá a boneca! – era a voz da Anastacia­ – Johnny deixa a tua irmã em paz! Nala – mais gritos do lado de lá – A Kesha teve de ir ajudar a mãe e eu precisava de uma ajudinha aqui. Daqui a meia hora tenho de ir para uma reunião e não os posso deixar assim à vizinha, dava-lhe um ataque.

- Claro Kiki! Eu posso ir para aí!

- Oh, obrigada! Agora tenho de ir tirar o Johnny de cima do armário, pensa que é o Spider Man. Até Já!

- Até já Kiki! – mas já tinha desligado.

Olhei para o telemóvel mais uma vez. 6 filhos… Nunca na vida iria ter 6 cachopos. Talvez um e já é muito. Lá se vai uma ida ao cinema.

- Jared, desculpa mas podemos ir ao cinema noutra altura?

- Claro, temos tempo para isso… - tentou disfarçar a tristeza na voz mas não conseguiu. Fiquei com pena.

- Podes vir comigo. Não sei se te apetece aturar crianças, mas podemos fazer uma sessão de cinema, nem que seja infantil. – sorri e ele sorriu de volta.

- Claro, não há problema…

- E também podes jantar lá, se sobreviveres…

- Acho que sobrevivo, nem que seja só para te convencer a fazeres a tua especialidade a fim do meu bem-estar…

­- A minha especialidade? Bem, então vais ter mesmo de sobreviver porque já não é aquela a que estavas habituado…

- Deixaste-me curioso…

- Esperar para ver… Ou melhor, comer!

Voltámos para trás, para seguirmos para o jipe. Na viagem para a minha casa, instalou-se silêncio, era agradável, sem tensão pelo meio. Mas como não gosto de estar a ouvir os meus próprios pensamentos, liguei o rádio, ou melhor o CD que tinha lá posto. Para azar o meu estava a tocar a “Let´s Be in Love” dos Hands On Approach, uma banda portuguesa que conheci através do pessoal português em Oxford. E músicas românticas com o Jared ao pé, não são muito aconselháveis. Mudei para outro CD. Era preferível ir a ouvir rock, metal e disco, do que ficar um clima estranho no carro. Estacionei à entrada de casa e descarregámos a tralha do almoço. Quando abri a porta da entrada, fiquei estática. Parecia que tinha passado um furacão por dentro de casa. Brinquedos espalhados por todo o lado, almofadas destruídas, jarros partidos, tinta no chão e nas paredes…

- Kiki? – aquela casa estava um pandemónio, e nem sequer estavam lá a Jasmin e o Fred.

- Leoa! Ainda bem que chegaste! – Kiki apareceu vinda da cozinha com Andrew ao colo. Estava toda pintada e desalinhada – Tenho de me ir lavar e vestir. Toma conta deles, por favor! Se puderes vai arrumando a casa, senão não te preocupes… - entregou-me Andrew, olhou para Jared ­– Jared… Bem só tenho 15 minutos, até logo. – correu escadas a cima, para o quarto.

De repente, Johnny apareceu a correr da cozinha para a sala, com Anastacia atrás dele. Ainda não lhe devolveu a boneca.

­- Olá tia!

- Olá tia! Johnny, dá-me a Daisy! ­– e continuaram a correr um atrás do outro.

­- Bem, isto é uma diversão.

- Acredita, que nunca vi a casa neste estado…

A pequena Dawn apareceu vinda da sala, as esfregar os olhos. Andrew dormia nos meus braços.

- Quem és tu?

- É um amigo meu, Dawn. O Jared. Queres ir dormir?

- Hm hm. Mas os gémeos andam a brincar e eu não consigo dormir.

- A tia vai falar com eles. Mas antes vou deixar o Andrew no quarto e tu vais também para lá. Pode ser?

- Pode titi. – peguei-lhe na mão e virei-me para Jared.

- Sabes onde é a sala, senta-te que já volto. Até já.

Fui para cima e deitei os pequenos. No caminho para baixo, fui apanhando alguns dos brinquedos e objectos espalhados. Quando cheguei à sala, os gémeos estavam de volta de Jared.

- Posso te dizer uma coisa? – Johnny perguntou a Jared.

­- Claro puto.

- Tens cara de drogado.



1 comentários:

Ana disse...

lol adoreeei este final vicky! os putos nao mentem, afinal de contas! ahah :D larguei´me a rir quando li essa parte :D
e realmente com 6 miudos, acho q tb nao me aguentava :O
continuo a achar q o jared é querido! goo jared, os morenos (cabelo acstanho ou preto...whatever!) são os melhores ;)

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